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Storma Minífera

A minha primeira personagem de rol chamava-se Storma Minífera e era anã guerreira. Foi no ano 2002, quando eu tinha 15 anos. E quero fazer uma confissão pública.

Naquele dia, estava eu a encher a folha quando cheguei à parte do sexo/gênero. Fiquei muito surpreso de a opção existir: assumira que apenas podia jogar sendo homem como sou. Nem me passara pela cabeça fingir ser outra coisa. Assim que quis probar a experiência: se o rol consiste em ser outra gente, que melhor que jogar a ser o mais diferente a mim possível?

Mas… na melhor tradição da ficção mainstream, a minha personagem não tinha história nem rol na equipa fora de ser «a rapariga». Além disso, passei a partida toda a tentar seduzir cada homem com o que cruzava caminhos. Nem sei se cheguei a usar o machado nem uma vez na sessão. E, bom, cuido que não volvi jogar uma personagem feminina até há dois anos, para benefício da humanidade.

Nesse tempo mudou a minha visão do mundo, a minha consciência social, e a sociedade em geral. Gostaredes de saber que agora já sei que as mulheres são mais que conas com pernas. Com certeza ainda terei detalhinhos que melhorar. Mas a minha última tentativa, Gor Kka—a pirata malfalada que daria a vida pela sua tripulação—está a anos luz dessa primeira tentativa.

E por isso achei importante falar com sinceridade dos erros passados: para demostrar que se pode mudar e melhorar. Todos temos uma história e falar dela com normalidade faz muito mais bem que agochá-la.


Publicado originalmente em Twitter.

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